
Quem és tu?…
Parece fácil de responder, assim como a pergunta é simples de fazer. Mas, é provável que a questão feita num momento imprevisto traga desconforto…
Por todo o lado, em contextos variados e em áreas diversas, existem fórmulas mágicas para te colocarem lado a lado com a tua essência, a tua identidade – o teu eu mais próximo de ti.
Tudo tão simples. E ainda assim, passam meses, anos, décadas, e percebes que não te encontraste… e que está longe de acontecer. Teorias, teorias e mais teorias, demonstradas e analisadas na prática, cujos resultados se resumem a grandes verdades que não preveem uma margem relativa por ausência de consideração da natureza ambígua do ser humano.
Mas, se não és o que gostarias de ser porque não sabes quem és e o que gostarias de ser, como chegar lá? Não é suposto seres a pessoa que melhor te conhece?… Afinal, és tu que vives dentro de ti 24 horas por dia desde o momento zero… quando soou o tiro de partida!
Com a tua resposta ‘não sei!’, à pergunta ‘quem és tu?’, surge a crítica verbal do sabe tudo ‘não sabes, mas deverias saber!’.
Sabes uma coisa? Esquece!
O ser humano é livre, em teoria, em pensamentos.
Quanto mais livre, mais próximo dos pensamentos conseguires ser, viver, melhor.
Será assim?… Estar-se-á mais próximo da plenitude?
Há limites, barreiras, impostos pela ética e pelo direito à liberdade do outro. Não é necessário um advogado ou um juiz para os identificar, pois o eu distingue-os de forma simples e natural.
Mas, se és livre e tens direito à liberdade, se és um ser inteligente, porque raio existe sempre um dono da verdade única?; o burro das palas convenientes…
A diversidade de pensamentos e opiniões é fundamental porque promove o crescimento. No entanto, só um ser inteligente aceita verdades múltiplas. Só um ser inteligente aceita que o seu propósito não deve colidir com o propósito do outro e que todos, em conjunto e por serem diferentes, formam aquilo a que se pode dar o nome de ‘mundo’; a diversidade inteligente que forma o caos organizado num espaço partilhado.
O ser inteligente compreende outros pontos de vista, outras vidas. E é por isso que se consegue colocar na pele de um estranho, acreditando que não sendo a sua vida perfeita é a vida perfeita daquela pessoa.
Na incapacidade de visualizar e viver mentalmente a permuta de realidades e vivências diversas, e mais importante, de aceitar, não será um ser digno de opinar e de representar a vida de um indivíduo ou coletividade em circunstância alguma.
Cada um escolhe o seu caminho e deve responder pelas suas opções sem se lamentar e sem considerar que as suas opções são mais válidas… porque não são; nunca serão. São simplesmente opções. As melhores para si. Ponto.
Apenas deve esperar, por direito, que respeitem. E assim, claro, o recíproco também é válido.
Porquê? Porque poderás não saber quem és ou o que queres ser, poderás ter uma missão ainda não identificada, mas nunca deverás considerar as tuas razões e motivações mais importantes do que as de outras pessoas.
A tua missão, a tua função, a tua realidade, não é mais importante do que a de outras pessoas. No limite complementa-se com a de outras pessoas…
Neste mundo fantástico, que ocupamos, somos pontinhos de luz interligados em rede onde uns brilham mais do que outros.
Quem és tu?
Quem és tu?